Volta ao mundo
Desde que comecei a planejar a viagem de volta ao mundo, percebi que a maior curiosidade das pessoas é saber como surgiu essa ideia e quais foram minhas motivações.
Enfim, sempre gostei de viajar, ter a chance de ver o mundo com meus próprios olhos, conhecer gente, participar de aventuras, ir de encontro ao desconhecido.
Esse estalo começou talvez na 4ª série, com um professor de geografia. Nas volta das férias, ele sempre trazia fotos de suas viagens. Nunca vou esquecer-me da 1ª vez que vi imagens de Macchu Picchu, fiquei encantado.
Antes sequer de imaginar um ano sabático desses, viajei bastante pelo Brasil, morei na Espanha, fiz um mochilão de um mês pela Europa e uma viagem para a Ilha de Bali, na Indonésia.
Conheci muita gente me hospedando em albergues e também no dia-a-dia, num passeio qualquer, puxando papo com desconhecidos.
Não sei se foram acasos do destino, mas fiz vários amigos bastante viajados, que já haviam entrado de cabeça nessa loucura de viagem de volta ao mundo.
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Tudo sobre a volta ao mundo
Como comentei acima, eu sempre ficava fascinado com os relatos do meu professor e queria saber mais sobre algo tão incomum para nós brasileiros. Largar o emprego, família, amigos. Como será o futuro??? Inclusive, era uma das perguntas de viagem que mais recebi.
No final das contas, para mim eram sempre as pessoas mais interessantes, com uma bagagem incrível e um montão de histórias pra contar. Talvez, por isso, nunca me contentei em ter uma vida comum.
Todos os dias pegar trânsito, ir ao trabalho, voltar pra casa e com sorte frequentar uma academia e ver os amigos. Contava os segundos para a sexta-feira chegar e aproveitar os finais de semana, mas queria mais, muito mais.
Sonhava em ter uma vida incrível e excitante, com dias diferentes uns dos outros. Queria ver gente diferente, encontrar novos desafios e tentar fazer algo que me deixasse plenamente feliz.
Não estou aqui dizendo que o estilo de vida tradicional é certo ou errado, ainda mais sabendo que a grande maioria de meus amigos e família têm empregos comuns, e são sim muito felizes. Contudo, eu nunca me encaixei nesse modelo.
Sabendo disso, decidi tomar atitudes ao invés de esperar as coisas acontecerem. Sempre quis ter a chance de criar meus próprios projetos digitais e ter uma vida que possa chamar de incrível, diferente dos padrões impostos pela sociedade.
Não vejo nada de errado em quem goste de ter sua rotina, trabalhar durante a semana, ir para academia, ver os amigos. Fui feliz por muito tempo vivendo assim.
Mas, percebi que preciso de liberdade para realizar o que realmente quero, conseguir meus objetivos e seguir em frente. O melhor de tudo é que hoje posso dizer que meu maior patrimônio, é meu tempo livre.
E meu período sabático foi essencial para eu perceber tudo isso. Veja o vídeo da minha viagem de volta ao mundo, que fiz apenas com imagens da viagem, um stop motion com mais de 2 mil fotos.
Neste artigo você vai ver:
- A viagem de volta ao mundo
- Dicas para viajantes
- A decisão de partir
- Meu projeto de volta ao mundo
- O Roteiro
- Lugares imperdíveis
- Dar chances ao imprevisível
- O que a viagem representou pra mim
- Como foi voltar e recomeçar
- Como combater a depressão pós-viagem
- 10 coisas que aprendi durante a volta ao mundo
- Entrevista sobre a volta ao mundo
A viagem de volta ao mundo
Os 365 dias de viagem foram incríveis, muito melhor do que poderia imaginar. É impressionante como sempre tem gente disposta a ajudar forasteiros, ainda mais porque gosto de aprender algumas frases básicas e conhecer a cultura local.
Faço questão de visitar não somente o que o turista procura, mas o que os moradores realmente fazem. Comer em restaurantes locais, usar transporte público e o principal, estar sempre aberto às oportunidades, sem nunca julgar ninguém com preconceito.
Adoro conhecer lugares e imaginar que tanta gente passou por ali, milhares de anos atrás. Andando pelas pirâmides e templos do Egito, construções da civilização grega e diversas cidades antigas da Turquia, me senti participando da história da humanidade.
Ver tudo aquilo e conhecer como as pessoas viviam me fizeram entender que o mais importante na vida, não são as coisas que conquistamos. O importante para mim é trilhar um caminho que me traga satisfação. Assim passei a praticar o desapego material.
Nos primeiros seis meses foi muito bom viajar sozinho e estar sempre disposto a conhecer gente. Fiz dezenas de amigos pelo mundo inteiro, me diverti demais. Numa próxima viagem, certamente terei um monte de lugares para visitar e reencontrar essas pessoas.
Com o tempo, acabei me acostumando com aquela tristeza da despedida, intensificada pela quase certeza de nunca mais ver alguém com quem me diverti tanto. Porém, não ter uma companhia de verdade para compartilhar as alegrias e os perrengues, foi certamente minha maior dificuldade na segunda parte da viagem.
Claro que viajar sozinho também tem suas vantagens, mas sinceramente, não pretendo partir sem a minha mulher ou a companhia de amigos, quando tiver a chance de fazer uma 2ª viagem de volta ao mundo.
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Dicas para viajantes
Nos 12 meses de estrada, mas também no tempo que se passou até aqui, percebi que não precisamos de muito para viajar. Poderia ter usado a mesma mochila que usaria para uma viagem de algumas semanas, com roupas leves e fáceis de lavar.
Assim, com a mochila mais leve e compacta, é possível levá-la como bagagem de mão no avião, tática muito boa para não pagar peso extra nos voos com empresas de baixo custo, muito populares na Europa.
Aliás, o peso da bagagem é minha principal dica para o conforto da viagem. O ideal é não viajar com muito mais que 10 kg, divididos entre uma mochila média e outra para o dia-a-dia.
Para isso, cada item deve ser comprado após muita pesquisa, desde a própria mochila, até o modelo da câmera fotográfica e computador.
Mesmo que não pretenda fazer um viagem tão longa, leia sobre o planejamento de uma volta ao mundo, pois quase tudo se encaixa para uma viagem de férias ou final de semana.
Além disso, a melhor dica é fazer um roteiro em busca do sol, seguindo os meses de verão. Claro que isso é super indicado se você for igual a mim: amar praia e sol e não ser fã do frio.
Dica => Como tirar fotos viajando sozinho
A decisão de partir
É um processo complicado decidir abandonar tudo o que conquistamos na vida para tentar realizar algo que não sabemos se é possível. Muitas noites sem dormir pensando se o caminho que estamos seguindo é realmente o que gostaríamos para o futuro.
Ainda mais vivendo no Brasil, com tantas incertezas sobre emprego, aposentadoria e se teremos boas condições financeiras para realizar nossos desejos.
Felizmente consegui transpor essa barreira, mas são tantas outras que aparecem todos os dias que somente muita disciplina e dedicação ao trabalho farão com que colha bons frutos durante essa jornada.
Sei que a realidade da maioria dos brasileiros não permite nem sequer que as pessoas sonhem com isso. Ainda mais sendo uma opção que não faz parte de nossa cultura, como em muitos países da Europa.
Conheci pessoas com histórias de viagens bastante interessantes durante minhas estadas na Espanha e Indonésia, e decidi que traçaria o meu destino da maneira que sempre imaginei que seria perfeito para mim.
Passo a passo => Como usar celular em viagem internacional
Meu projeto de volta ao mundo
A decisão mais difícil foi tomada, ir. Os processos seguintes são de muito trabalho e disposição: planejar meu roteiro de viagem e definir quais são as melhores estratégias para conseguir fazer um projeto que seja ao mesmo tempo motivador e interessante para os olhos da blogosfera.
Pesquisei, pesquiso e pesquisarei muito sobre como transformar um blog em uma ferramenta de trabalho. Veja mais como se tornar um nômade digital.
Minha real intenção com a viagem, além de ter as melhores dias de minha vida, foi transformar essa experiência pessoal em algo que pudesse também mudar minha carreira profissional.
Queria viajar o mundo para abrir a cabeça, ter novas ideias, trabalhar muito e conseguir abrir portas desenvolvendo novos projetos. Criei assim, o Quero Viajar Mais, assim como outras pessoas que deram a volta ao mundo e contaram em seus blogs.
Viagem de Volta ao Mundo em 365 Posts
O projeto inicial foi escrever 365 artigos sobre os destinos da volta ao mundo, além de dicas de viagem sobre tudo o que aconteceu. Essa foi minha maior motivação para seguir compartilhando fotos e informações.
Não é fácil trabalhar durante a viagem, mas fiz o possível para manter um ritmo constante de atualizações.
Esses são os locais que visitei e tenho artigos aqui no blog. No final tive que excluir os países do leste europeu, pois gastei demais nos primeiros seis meses de viagem e estourei meu orçamento da volta ao mundo.
- Califórnia
- Hawaii
- Fiji
- Nova Zelândia
- Austrália
- Guam
- Filipinas
- Tailândia
- Laos
- Camboja
- África do Sul
- Tanzânia
- Egito
- Grécia
- Turquia
- Alemanha
- Inglaterra
- Irlanda
O Roteiro
Claro que esta é a parte mais legal de todas, mas definir qual passagem de volta ao mundo (Round de World) usar é uma decisão que leva tempo até demais para ser resolvida. Cada uma tem suas particularidades e os destinos são definidos de acordo com os voos das Cias Aéreas parceiras.
Escolhi a Star Alliance, grupo do qual a TAM Linhas Aéreas fazia parte na época. É a maior aliança entre companhias e possui o maior número de alternativas de voos, o que foi essencial para minha decisão, pois consegui fazer um roteiro exatamente de acordo com o que gostaria.
Foram 365 dias de viagem partindo de São Paulo no dia 16/08/11, com primeira parada em Los Angeles. Confira o roteiro completo:
- 16/08/11 a 16/10/11 – Califórnia (Estados Unidos);
- 16/10/11 a 31/10/11 – Havaí (Estados Unidos);
- 31/10/11 a 15/11/11 – Fiji;
- 15/11/11 a 15/12/11 – Nova Zelândia;
- 15/12/11 a 15/02/12 – Austrália;
- 15/02/12 a 21/02/12 – Guam (Estados Unidos);
- 21/02/12 a 10/03/12 – Filipinas;
- 10/03/12 a 27/04/12 – Bangkok (Tailândia) e sudeste asiático;
- 27/04/12 a 11/05/12 – Johanesburgo (África do Sul);
- 11/05/12 a 23/05/12 – Dar El Salaam (Tanzânia);
- 23/05/12 a 03/06/12 – Israel;
- 03/06/12 a 11/06/12 – Cairo (Egito);
- 11/06/12 a 20/06/12 – Atenas (Grécia);
- 20/06/12 a 10/07/12 – Istambul (Turquia);
- 10/07/12 a 16/08/12 – Leste Europeu, Suíça, Alemanha e Inglaterra.
É claro que durante a viagem, tive alterar datas e destinos, mas tudo sem custo porque já é algo incluso na tarifa. Muito esforço e coragem foram necessários para realizar o projeto.
O melhor de tudo é que minha experiência foi algo realmente útil para muitas pessoas que sonham em viajar, que me acompanharam ou consumiram o conteúdo após a viagem.
Aprender mais sobre outras culturas foi o mais enriquecedor para mim, pois acredito que viajar é a melhor escola para nos transformarmos em melhores seres humanos.
Como organizar um roteiro inteligente
O aspecto que provavelmente tomou mais tempo durante meu planejamento, foi definir o roteiro de viagem da volta ao mundo, principalmente devido à infinidade de opções de destinos turísticos que coloquei na cabeça.
Claro, tive que fazer escolhas devido às minhas limitações de dinheiro e tempo, pois decidi viajar durante um ano. Achei que a melhor alternativa seria planejar meu caminho seguindo o verão.
Assim, poderia conhecer praias paradisíacas, viajar com menos preocupações sobre previsão do tempo e, principalmente, conseguir levar menos roupas e organizar a bagagem ideal.
Escolher lugares não isolados no mapa
Independentemente do tipo de passagem, podemos economizar tempo e dinheiro quando exploramos mais lugares numa mesma região. Não faz sentido, por exemplo, comprar um voo caríssimo para a Oceania, se pretende conhecer apenas a costa leste da Austrália. Porque não fazer um roteiro que passou antes pelo Hawaii, Fiji e Nova Zelândia??? Acho que o ideal é fazer isso durante todo o caminho, aproveitando ao máximo cada região.
Ficar mais tempo em cada país
Eu sei que é grande a vontade de conhecer o máximo de países possível e voltar com dezenas de carimbos no passaporte, também foi assim comigo. Porém, acredito que seja mais produtivo explorar muitas opções num mesmo país.
Essa é uma ótima maneira de economizar dinheiro, pois os deslocamentos são menores, além da satisfação de ter conhecido de verdade um determinado país. Eu adoro dizer de peito aberto que passei um mês na Tailândia e tive a chance de entrar de verdade na cultura do país… muito melhor do que conhecer apenas alguns pontos turísticos.
Esqueça a ansiedade
É comum durante o planejamento, ficarmos ansiosos sobre quais destinos escolher e demorar séculos para definir o roteiro. São tantos países que gostaríamos de visitar, que fica quase impossível bater o martelo. Claro que isso não é tão importante para aqueles que decidiram viajar sem um roteiro estabelecido, mas mesmo assim é preciso planejar, principalmente devido aos vistos de turismo.
Esquecer a ansiedade e saber que alguns países que gostaríamos de visitar ficarão fora do roteiro, é a melhor maneira de partir para o próximo passo do planejamento.
Lugares imperdíveis
Muita gente entra em contato pelo blog com dúvidas sobre quais países não podem ficar de fora. Isso é difícil, vai muito do gosto de cada um. Particularmente, prefiro praia e calor, por isso inclui em meu roteiro as Ilhas Fiji, Hawaii, Austrália e Tailândia.
Queria conhecer a história das civilizações antigas, então visitei o Egito, Grécia e Turquia. Gosto da sensação que a adrenalina proporciona, resolvi praticar esportes radicais na Nova Zelândia e aventurar-me nos safáris da África do Sul e Tanzânia.
O importante é pesquisar bastante para saber como são as atrações de cada país. Ouvi muito a frase: “nossa, não sabia que era assim”. A pior sensação para um viajante é gastar tanto tempo e dinheiro, chegar a algum lugar e arrepender-se de estar ali.
Escrevi sobre os 7 países mais lindos do mundo, que não devem ficar de fora de sua lista. Talvez possa te ajudar a decidir para onde viajar.
Dar chances ao imprevisível
Viajar e conhecer os cantos mais improváveis do mundo está cada vez mais fácil. Diversos brasileiros já realizaram o sonho de dar a volta ao mundo, o que trouxe muita informação sobre como planejar a viagem.
Isso porque atualmente há muitas dicas compartilhadas nos blogs de viagem. Sair por aí sem saber qual será a programação deixou de ser uma rotina muito arriscada, e que pode ser um dos maiores trunfos para viver momentos inesquecíveis.
Claro que para fazer uma viagem tão longa, passando por diversos países, é preciso planejar sobre os vistos de turismo, saber qual a mochila ideal para viajar e pesquisar se vale a pena comprar uma passagem de volta ao mundo.
Tudo isso faz parte do planejamento prévio para prevenir contratempos durante a viagem. O que não deve ser planejado nos mínimos detalhes é o roteiro detalhado que irá seguir, para dar chances ao imprevisível.
Descubra => Quanto custa dar a volta ao mundo
O que não planejei em minha volta ao mundo
Eu saí do Brasil com tudo pronto, sem precisar planejar mais nada: vistos, seguro de saúde e fiz um roteiro para saber os países que iria visitar.
Optei por comprar uma passagem aérea de volta ao mundo, o que me garantiu grande flexibilidade com as datas, uma vez que não são cobradas taxas extras para alterações. A única coisa que não sabia, era como seria o dia de amanhã.
Não comprei nenhum pacote de turismo e fazia reservas em hotéis/albergues para apenas poucos dias, pois não queria ficar preso em lugar nenhum.
Um sentimento foi tomando conta de mim durante a viagem, um misto de medo e ansiedade quando deitava a cabeça no travesseiro e pensava no próximo dia.
Muitas vezes consegui dicas de outros viajantes, outras pesquisava na internet sobre o que fazer em determinado lugar.
É impressionante como o acaso pode trazer para nossas vidas momentos marcantes, totalmente imprevisíveis, que não estariam ali caso estivesse seguido um script pré-estabelecido.
1. O dia em que dormi numa árvore no Hawaii
O lugar era incrível, construído em cima de uma árvore gigantesca, no fundo de um casarão. Provavelmente os proprietários planejaram isso para seus filhos, mas hoje em dia alugam para estudantes e conseguem uma grana extra.
Após dar uma carona, fui convidado para passar a noite por lá, como ainda não havia procurado um hotel, prontamente aceitei.
Eu iria planejar esse passeio na minha viagem? Não sei, mas foi uma ótima decisão e está na minha lista de lugares estranhos no mundo.
2. Plâncton luminoso e estrelas cadentes no Camboja
As praias Camboja são muito procuradas por turistas que estão viajando pelo sudeste asiático. Quando decidi viajar para o Camboja, sabia que iria conhecer as principais atrações, como a terrível história do Khmer Rouge e os templos em Angkor Wat, mas não havia incluído praias em meu roteiro de viagem.
Decidi passar alguns dias em Sihanouk Ville e Koh Rong, após ouvir várias recomendações de amigos que fiz durante minha viagem pelo Laos e Tailândia.
3. Viajar de falouka pelo Rio Nilo
Navegar pelo Rio Nilo é uma experiência que não pode faltar durante uma viagem pelo Egito. O Nilo, é um dos maiores rios do mundo e rota importante desde o império romano, imperdível para quem gosta de conhecer e vivenciar a história do país.
Uma maneira de fugir do comum e ainda conhecer a cultura do Egito, é velejar em uma falouka, barco a vela tradicional do Egito.
O que a viagem representou pra mim
A viagem representou a realização do sonho de viajar e viver sem saber como seria o dia de amanhã, estar preparado somente para o imprevisto.
Não foi somente pela viagem em si, mas pela chance de tentar realizar algo, pessoal e profissionalmente, que me trouxesse satisfação. Ter o reconhecimento de outras pessoas, não pelo sucesso, mas pela certeza de que fiz algo que incentivou conquistas como a minha.
Claro que adorei conhecer novos lugares, amigos e culturas. Tudo isso é verdade sim, mas o que mais me fascinou foi poder viver um dia diferente do outro, ter histórias pra contar e a chance de aprender sobre a vida, evoluir como ser humano.
Mais do que tudo, hoje posso dizer que me orgulho muito do que conquistei e produzi. Transformar tudo isso em retorno financeiro depende de muita sorte, paciência e dedicação, mas sinceramente o que passa por minha cabeça hoje é que fiz exatamente o que tive vontade de fazer. Isso me basta!!!
Como foi voltar e recomeçar
Nada fácil, ainda mais porque gastei quase todas as minhas economias. Ter que ralar para ganhar dinheiro novamente, criar uma rotina, se acostumar a não viver novas experiências todos os dias. Foi uma luta diária para voltar a gostar de fazer as coisas que fazia antes.
Mesmo com as dificuldades retomei a rotina, que nem sempre é um conceito pejorativo. Descobri que é essencial para mim fazer exercícios regularmente, conviver com as pessoas que mais gosto e trabalhar, me sentir produtivo.
Além disso, aprendi algo que nunca mais deixarei de seguir: “o melhor lugar do mundo, é aquele em que estamos nesse exato momento”. Aprendi também, que ainda mais importante que recomeçar, é criar algo que não esteja fadado ao fim.
O blog, que começou como uma ferramenta para contar e documentar minha história, depois de muito trabalho e persistência, se tornou profissão. A internet foi a melhor, talvez única ferramenta existente, que transformou meu sonho em realidade.
Se você tem interesse em aprender mais sobre como construir um negócio para tornar-se um nômade digital, saiba como ganhar dinheiro viajando.
Como combater a depressão pós-viagem
Sonhar grande e começar a guardar grana no porquinho, isso é o principal. Imaginei que minha necessidade de viajar cessaria por um tempo, o que não aconteceu. Agora quero viajar diferente, ainda mais devagar, mas quanto mais viajo, mais atiço minha vontade de viajar.
Acabei descobrindo maneiras de atenuar os efeitos colaterais que ficar em casa causaram em mim e comecei a explorar minha própria cidade como faria um turista, isso ajudou muito.
Outras dicas são: utilizar o Couchsurfing para receber turistas, ler livros de viagem, acompanhar blogs de turismo, manter contato com os amigos da estrada e conhecer hostels na sua cidade, pois promovem festas e sempre há a chance de conhecer gringos e praticar inglês.
Mas não se engane, pois apesar de todas essas táticas, a única maneira de combater a depressão pós-viagem é planejando um estilo de vida que te permita viajar mais.
10 coisas que aprendi durante a volta ao mundo
Já li e ouvi um montão de frases sobre os benefícios que uma viagem podem trazer para nossas vidas: “Viajar é a única forma de gastar dinheiro que te deixa mais rico.”, Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV.”, “Viajar é mudar o cenário da solidão.” e por aí vai.
Só não sabia que essa tal de volta ao mundo poderia mudar tanto minha vida. Hoje sou referência entre meus amigos e fica até difícil falar de outras coisas. Todos querem saber sobre minhas experiências, perrengues ou alguma foto que postei nas redes sociais. Mais do que isso, virei um guia de viagem personalizado.
Não estou reclamando, falar sobre minhas viagens é mais que um prazer. Porém, apesar dessa mudança de rotina, a maior diferença está dentro de mim, em meus pensamentos e na maneira como hoje encaro a vida. Deixei o consumismo de lado, estou mais aberto ao novo e tenho uma percepção diferente do tempo.
- Gentileza gera gentileza: Esse deveria ser o lema de qualquer viajante. Seja gentil sempre, principalmente com as pessoas que estão prestando serviços a você. Certa vez no Camboja, comecei a puxar papo com a atendente do albergue, tentando conseguir algumas dicas sobre o que fazer na noite seguinte. Ela disse que também trabalhava num bar perto dali, que aliás era incrível. O melhor foi conseguir drinks grátis a noite toda!!!
- Menos é mais: Esqueça o excesso de roupas e peso extra, pois quanto menos peso carregar, mais fácil será sua vida. Apesar de não ter praticado durante toda a volta ao mundo, recomendo viajar apenas com uma mala de mão, daquelas que é permitido levar dentro do avião (geralmente 115 cm, somando altura, largura e comprimento). SIM, É POSSÍVEL!!! Você irá agradecer todas as vezes que precisar subir 3 lances de escada num albergue, entrar e sair mais rápido dos aeroportos.
- A amizade é tudo: Esteja sempre de braços abertos e seja o melhor amigo mesmo de uma pessoa que conviverá apenas por um dia. Meu interesse sempre foi visitar lugares fantásticos, provar novos sabores e conhecer mais sobre a cultura local. Tudo isso é mais intenso, com o prazer de uma nova-velha-boa-amizade.
- Ter paciência: Sou de São Paulo, uma cidade onde o tempo é escasso, tudo anda muito rápido e nem mesmo durante nossos momentos de lazer aceitamos que algo possa demorar. Queremos chegar antes e ser o primeiro a sentar. Mesmo num fim de semana na praia, reclamamos do serviço da pizzaria, do mercadinho ou do bar. O fato é que não controlamos o tempo e o ritmo das pessoas que vivem fora de grandes metrópoles é outro. Aprendi a ser mais paciente e tentar controlar apenas o que realmente cabe a mim.
- Percepção do tempo: É incrível como os 12 meses que passei viajando hoje parecem uma eternidade. Foram tantos dias diferentes uns dos outros, que a percepção que tenho do tempo é totalmente diferente de um ano normal. Em agosto fará 01 ano que voltei ao Brasil, mas o tempo passou com o estalar dos dedos. Hoje sei valorizar mais meu tempo livre e irei trabalhar para garantir que num futuro próximo possa fazer por mais tempo o que realmente me dá prazer na vida.
- O importante é agora: Quem nunca viajou de carro com aquela pressa de chegar. Não é por menos, pois muito tempo na estrada cansa o corpo e a mente. Mas eu passei por tantos traslados durante minhas viagens, que a partir de um momento comecei a pensar: “porque não curtir o agora?“. Passei a dar mais valor àquelas conversas entre um destino e outro, às paisagens e principalmente à inspiração que sinto com essa mudança de cidade/estado/país…adoro escrever durante esses momentos. Viver o agora para mim é importante não somente durante uma viagem, mas também quando estou com aquele amigo que não vejo tanto. Não é fácil praticar, mas desapeguei daquela popular mania de deixar tudo pra depois.
- Viajar é bom pra alma: Já fiz centenas de viagens e desde que comecei a trabalhar, juntava uma graninha para curtir os finais de semana na praia e fazer uma viagem mais top durante o feriadão. Mas não é dessas viagens que estou falando. Valorizo mesmo quando posso desligar completamente do mundo, passar 1 mês viajando pelas praias do nordeste brasileiro ou ver o choque de culturas num roteiro entre Camboja, Laos e Tailândia. Vi tantas coisas diferentes pelo mundo afora, conheci a história de povos que sofreram com períodos de guerra, ditadura e sofrimento, que aprendi a valorizar cada vez mais minha história de vida. Hoje penso duas vezes antes de reclamar de barriga cheia.
- Nunca diga nunca: É batido dizer isso, mas é a mais pura verdade. Ouço um monte de gente dizer: “nunca teria coragem para viajar sozinho”, “nunca terei tempo”, “nunca vou conseguir juntar dinheiro”. Para mim é tudo bla bla bla. Afinal, com diria Lao-Tsé, famoso filósofo chinês, “Uma longa viagem começa com um único passo“. Ou seja, comece a planejar que um dia poderá realizar seu sonho, seja ele viajar o mundo, abrir uma empresa ou qualquer coisa que pareça inatingível.
- Eu adoro o acaso: Sabe quando encontramos uma pessoa que conhece aquele seu amigo de infância, ou então alguém que gosta daquela banda que você achou que ninguém mais conhecia? Pois é, isso acontece também durante uma volta ao mundo e transforma o momento em algo ainda mais especial. Claro, encontrei muita gente de férias e outros viajantes, que assim como eu, também estavam passando por um período sabático. Isso por si já transforma os encontros em incríveis conexões. Ter um laço ainda mais forte com determinada pessoa, como um despretensioso acaso do destino, é algo sempre marcante.
- Ter um plano B: Não é preciso sempre ter uma carta na manga pronta para ser usada, mas na vida sempre estamos sujeitos a imprevistos. Ter jogo de cintura para lidar com certas situações, me livraram de alguns perrengues. Por exemplo, pesquisar a rota do taxi numa cidade desconhecida, pode te livrar de uma discussão com o taxista. Eu quase sempre carrego o mapa do trajeto em meu smartphone.
Entrevista sobre a volta ao mundo
Ter a chance de participar de programas como esse e contar minha história (veja outras entrevistas e participações na mídia), me deixa com cada vez mais orgulho do que criei até aqui.
O blog surgiu como ferramenta para documentar a viagem, publicar fotos e pensamentos. Falando sério, hoje em dia é muito mais do que poderia imaginar, é parte da minha vida, é parte de mim…não tinha ideia de como transformaria tudo ao meu redor.
Com o tempo, passei a dividir todos os meus conhecimentos de viagem com mais e mais pessoas que todos os dias aparecem precisando de ajuda. Foi assim que surgiu o livro do Quero Viajar Mais.
Quero sempre fornecer dicas e informações visando incentivar viajantes a encarar suas aventuras como meio de adquirir cultura e melhorar sua qualidade de vida, sempre buscando alternativas para as melhores viagens com os menores custos. Também, que é possível criar um negócio online do zero.
Além disso, mostrar para o mundo que não é necessário desistir de seus desejos, pois com disciplina e conhecimento é possível se programar e viajar para qualquer lugar.
Um grande abraço,
Guilherme Tetamanti
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