Rota Verde do Café em lugares do Ceará: Guaramiranga e mais

Rota Verde do Café em lugares do Ceará: Guaramiranga e mais

Imagem do Autor por Polly Batista
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Você acredita se eu te disser que existe uma Rota Verde do Café no Ceará? E mais: os grãos produzidos na região foram consumidos nas melhores cafeterias da França e, de quebra, são cultivados em uma região serrada do estado que é um ótimo destino turístico.

Eu fiz uma parte da Rota Verde do Café no Ceará e posso dizer com propriedade: vale muito a pena destinar uns dias para conhecer a região. Eu sei que o poder apelativo das belas praias do Ceará é irresistível, mas vem comigo conhecer esse tesouro nordestino e se surpreender com tudo o que esse destino pode oferecer.

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Mapa da Rota Verde do Café no Ceará

É no Maciço do Baturité que fica a Rota Verde do Café no Ceará. É uma área de 32 mil hectares dona de um clima ameno que traz características tanto do sertão como da serra.

O resultado é um território precioso rico em natureza e também em cidades e fazendas preservadas que fortalecem o agronegócio, a economia criativa e o turismo na região.

São 13 cidades que formam o Maciço do Baturité: Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Baturité, Capistrano, Guaramiranga, Itapiúna, Mulungu, Ocara, Pacoti, Palmácia e Redenção.

Dessas, quatro fazem parte da Rota Verde do Café: Baturité, Mulungu, Guaramiranga e Pacoti. Em comum, todas elas trabalham com o café de sombra que, entre outras coisas, é um expoente das práticas econômicas sustentáveis.

 
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Distantes, em média, 100km da capital, Fortaleza, chega-se às cidades pela Br-020 e CE-253 ou pelas vias estaduais CE-065 e CE-060. Conheça algumas das paradas obrigatórias da Rota Verde do Café.

No vídeo, um programa apresentado pelo Guilherme, autor e fundador do Quero Viajar Mais. Ele viajou para o Ceará procurando histórias e conversou com empreendedores na Rota Verde do Café.

Baturité

Pontos turísticos do estados do Ceará
Igreja do Baturité | Foto: QVM.

A primeira cidade da Rota Verde do Café é Baturité, que dá nome ao Maciço. O município fica logo no começo da Serra do Baturité e dá para aproveitar bastante os atrativos que ele oferece. Sugiro duas paradas:

Museu do Baturité

Museus do Ceará
Museu | Foto: QVM.

O primeiro é o Museu de Baturité. Ele tem entrada gratuita e funciona onde foi a primeira estação de trem do Ceará. Construída em 1882 para atender escoar o café produzido na região, que havia chegado em Baturité em 1829. Alguns vagões também eram destinados a passageiros.

Suas peças vieram da Inglaterra e a rede representava um marco do desenvolvimento atraído pelos primeiros grãos para a serra cearence.

Aliás, a história do café cearense se confunde com o brasileiro. No Brasil, os primeiros grãos começaram a chegar por volta de 1727. No estado do Ceará em 1747, mas foi no Maciço do Baturité que a produção fez história e chegou a ser responsável por 2% da produção do café do Brasil.

Mas não sem muitos erros e acertos. Eu explico: ao chegar no Ceará, os agricultores da região passaram a plantar o café no sol. E do mesmo jeito que a produção explodiu na segunda metade do século 19, ela caiu antes mesmo de 1900.

Foram anos áureos, mas que deixou uma lição: os grãos cultivados no Ceará não podiam ser tratados como nas demais regiões do país. Essa primeira parte da história é o que o Museu ensina que é o 1º Ciclo de Café no Ceará.

Com o solo exaurido e com os pés de café cada vez mais escassos, a Serra do Baturité viu-se obrigada a mudar de foco e passou a cultivar maniçoba para a indústria de pneu.

Seria o fim da produção cafeeira do Ceará, se um homem chamado Coronel José Cícero Sampaio e, posteriormente, o seu filho, não tivessem observado um detalhe: os pés de café que ficavam abaixo das ingazeiras, resistiam ao sol e davam seus frutos. Era o nascimento do café de sombra, uma marca registrada do Ceará.

Mosteiro dos Jesuítas

Rota turística no Ceará
Mosteiro | Foto: QVM.

Esse é o meu local preferido no Maciço do Baturité. Como o próprio nome diz, é um espaço religioso que pertence à Companhia de Jesus. Construída a quase um século, a construção é imponente e se destaca em meio à mata da serra cearence.

Lugares bonitos no Ceará
Pátio do Mosteiro | Foto: QVM.

Cercada do Açude de Vazante, da Pedra Aguda e da Serra do Tamanco, o Mosteiro dos Jesuítas (www.mosteirodosjesuitas.com.br) é hoje um lugar para retiro espiritual e também uma parada obrigatória na Rota Verde do Café no Ceará. E você também pode se hospedar por lá, pois seus 57 quartos também funcionam como uma hospedaria.

Ceará dicas
Corredor do Mosteiro | Foto: QVM.

Minha dica é agenda com antecedência, pois a prioridade é para os grupos religiosos. Mas já fiquei imaginando como deve ser a região no inverno nessa área de Mata Atlântica protegida com temperaturas que podem chegar a 17ºC.

Se hospedar no mosteiro no Ceará
Igreja do Mosteiro | Foto: QVM.

Com sorte, você poderá provar um café produzido na região em companhia de um dos religiosos que poderão explicar pessoalmente todo o processo de produção do café orgânico e de sombra produzido no entorno do mosteiro. E para a sobremesa, o doce de banana também é garantido!

Para passar o tempo, entre um café e outro, dá para fazer trilhas e conhecer as cachoeiras do Pirí, Cipó da Geralda, bem famosas da região.

Guaramiranga

Vista de Guaramiranga | Foto: Marques Honorato, via Wikimedia Commons.

Guaramiranga é outra parada da Rota do Café do Ceará. Ela leva o título de menor cidade do Ceará, mas posso dizer que é uma pequena notável. Isso porque, subindo mais a serra do Baturité, ela oferece cultura, gastronomia e tranquilidade a 865 metros de altitude.

Por ficar um pouco mais acima, ela já registrou temperaturas mínima média de 14ºC. Ela também fica em uma área de proteção ambiental e sedia o Pico Alto, que é o terceiro em altitude do estado com 1.115m. Sugiro duas paradas me Guaramiranga durante a Rota Verde do Café:

Centro de Guaramiranga

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Guaramiranga | Foto: QVM.

Minha sugestão é que você pare na cidade para almoçar, depois de ter saído de Baturité. A cidade promove anualmente um festival de Jazz durante o carnaval e ela tem registros culturais e arquitetônicos interessantes.

Pontos turísticos do interior do Ceará
Casarão em Guaramiranga | Foto: QVM.

Destaque para seus casarões ainda preservados da época de ouro do café no Maçico de Baturité. Aproveite para caminhar pelas ruas depois da refeição ou antes, caso chegue mais cedo.

Sítio Águas Finas

Fazendas de café no Ceará
Cafés do Sítio Águas Finas | Foto: QVM.

Bem na subida para Guaramiranga fica uma parada obrigatória da Rota Verde do Café. É o Sítio Águas Finas.

Se você até agora não entendeu muito bem a importância do café para a região, ficará claro depois de conhecer a propriedade da Família Uchôa, que mistura empreendedorismo e sustentabilidade.

Uma visita guiada no local deve ser marcada previamente e só é possível que aconteça aos finais de semana e feriados, isso porque nos demais dias, o sítio vive dias intensos de plantação e cultivo do café.

Passeio interessante no Ceará
Seu Uchôa | Foto: QVM.

Tanta dedicação traz inúmeros frutos, como explica pessoalmente seu Uchôa aos visitantes. Ele é o patriarca da família e também guia local, pois foi sua família que trouxe o café para o estado do Ceará em 1747. Na época, José Xerez Furna Uchôa recebeu do Rei francês Luis XV duas mudas de café, das quais só uma sobreviveria à viagem.

Apenas 200 depois, é que o café Typica chegaria à Guaramiranga e mais uma vez o sangue dos Uchôa, na pessoa de José Castelo Uchôa (conhecido como Zé Uchôa) conseguiria o sucesso na plantação de mudas.

Com a criação da linha férrea que ligava Baturité a Fortaleza, o café Uchôa seguia para a França e era servido das cafeterias de Paris. Um luxo! O nosso guia Seu Francisco Uchôa (neto do perseverante Zé Uchôa) diz que nos primeiros anos de 1900, os jornais de São Paulo chegavam a afirmar que o café do Maçico de Baturité era o melhor do mundo!

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Maciço do Baturité | Foto: QVM.

E foram décadas de experimento até aprimorar a técnica do café Uchôa que só é colhido maduro. Sua secagem não é feita no chão para ficar livre da umidade que deve ser de 20%. E para concluir os 11% de umidade almejada, o restante do processo é feito em uma estufa.

O café passa por um descanso entre 30 e 45 dias e ele é torrado em 3 fases. Ao todo, são 3 cafés cultivados: o catuaia amarelo, o catuaia vermelho e o café típica, a menina dos olhos dos produtores. Esse último é considerado o melhor café do mundo e tem origem na Etiópia.

A visita ao Sítio Águas Finas começa com uma degustação dos seus cafés que podem ser comprados ao final da visita. A mesa também é farta, pois oferece produtos regionais e frutas para acompanhar a bebida.

Trilha no Ceará
Mesa farta na fazenda Uchôa | Foto: QVM.

Em seguida, uma trilha é feita em meio às plantações de café. São 1,5km e meio de subidas e descidas bem tranquilas. O mais fantástico de tudo é observar como o café é plantando em meio à Mata Atlântica e Amazônica bem no coração do Ceará, onde a gente pensa que só existe Caatinga, sertão e litoral.

Ah, abro aqui um parênteses para explicar que quando falo em Caatinga e Sertão não quer dizer que seja uma área sem vida. Muito pelo contrário. Cada bioma tem a sua riqueza.

E como disse Paulo, o nosso guia maravilhoso, a caatinga é o lugar de quase 900 espécies, sendo 510 de pássaros, 70 de aranhas, 94 repteis, 143 mamíferos entre outros. Então, não existe vegetação morta! (por isso que amo viajar e aprender mais e mais!)

Bem… mas voltando à serra cearense, você perceberá in loco como as ingazeiras criam uma sombra que protege os pés de café e permitem que eles se desenvolvam na região. É muito bonito de ver como a natureza cuida de si própria em determinadas situações. Os pés de café brotam até mesmo nas encostas do terreno.

Guia turístico no Ceará
Seu Chiquinho | Foto: QVM.

A trilha se depara também com agradáveis surpresas, como uma Barriguda, espécie de árvore que absorve água e possui nada mais, nada menos que 200 anos.

Dependendo da época que você for pode conferir a secagem do café ou os frutos mais verdinhos ou vermelhinhos. Quando visitei o Sítio Águas Finas estava tudo bem verde ainda.

A trilha é bem sinalizada e conta a história do café em vários pontos. Destaque também para seu Chiquinho que manja tudo de café e tem participação mais que especial durante a visita guiada. Toda trilha conta com placas que falam do cultivo do café, mas é guiada de perto pelos anfitriões.

Vale muito a pena percorrer os mais de 100km de Fortaleza e passar um dia em meio à essa natureza tão exuberante, descobrindo histórias empreendedoras como a da Família Uchôa.

E minha dica final do lugar é: compre café para levar de presente do Ceará. Eu sei que as garrafinhas de areia e as castanhas são os principais souvenirs do estado, mas você surpreenderá e ainda pode contar um pouco dessa história inimaginável.

Para a visita, não esqueça de marcar previamente no site da Fazenda Uchôa e aos finais de semana, quando ocorre a visita guiada.

Pacoti

A última parada da Rota Verde do Café não poderia ser mais estratégica. É a cidade de Pacoti. Na cidade, o destaque é para a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição construída em 1885. Mas é na área rural que fica a minha dica. Confira agora:

Sítio São Luís

Passeios diferentes no Ceará
Casarão do Sítio São Luís | Foto: QVM.

Essa é mais uma propriedade familiar que abriu as portas para o turismo cafeeiro. Inclusive, é uma delícia visitar uma região tão acolhedora: o Mosteiro dos Jesuítas, a Fazendo Uchôa e agora, o Sítio São Luís, são a prova viva que o Ceará sabe receber bem e com jeitinho bem particular, quase que aquele aconchego caseiro com cheirinho de café.

Fazenda no Ceará
Casarão do Sítio São Luís | Foto: QVM.

A primeira coisa que chama a atenção é o casarão do sítio. Ele mostra toda a herança deixada pelo auge do café na região. O casarão branco com uma varanda super fotogênica com 30 colunas e arcos de quinas abauladas, é um convite para a contemplação e lindas fotos.

Pacotes para o Ceará
Sítio São Luís | Foto: QVM.

A casa é habitada pela família, mas também é sede do Instituto Sítio São Luís. Você será recebido por alguém da família que fará uma visita histórica guiada. O sítio já foi um grande produtor de café. Atualmente, só produz o café para consumo próprio e dos visitantes, mas detém muita história da iguaria.

Passeio no Ceará
Explicação no Sítio do São Luís | Foto: QVM.

Lembra no começo do artigo que eu afirmei que o ressurgimento da cultura cafeeira só foi possível depois que descobriram que as ingazeiras poderiam proteger os pés de café? Então, foi um dos donos do Sítio São Luís que descobriu meio “sem querer” essa técnica do café de sombra, que viria a dar um novo fôlego ao café da região, a partir de 1.900.

Atrativos turísticos do Ceará
Moedas cunhadas em Portugal | Foto: QVM.

É no Sítio São Luis que você terá contato com documentos históricos de toda a riqueza que o café trouxe para a região no século 19. Para você ter uma ideia, o comércio era tão forte que criou-se uma moeda de troca do café. Uma relíquia que pode ser vista bem de perto: moedas cunhadas em Portugal em 1865, que levam o nome de Fazenda Bom Sucesso, o antigo nome da propriedade.

Roteiro do café no Ceará
Tranquilidade no Sítio São Luís | Foto: QVM.

Além de documentos, fotos e outros tipos de registros antigos, o visitante pode percorrer os cômodos do casarão. Minha dica é: visite o Sítio São Luís à tarde para ter uma experiência gastronômica incrível (a melhor que tive na minha trip pelo Ceará).

Passeios diferentes no Nordeste no Brasil
Cozinha do Sítio São Luis | Foto: QVM.

No local, é servido um café da região, um bolo de café (cuja receita é secreta), pão caseiro e outros produtos regionais frescos e orgânicos, como ricota cremosa e geleia. Aproveite e dê um pulinho na cozinha: é de lei você encontrar o fogão de lenha acesso e muitos objetos preciosos, como peneiras de palha, tachos de cobre, panelas de barro, colheres de pau e muitos grãos de café torrados, fresquinhos.

Gastronomia no Ceará
Vitrola | Foto: QVM.

Quer mais? A casa possui uma vitrola linda que ainda funciona, responsável pela trilha sonora durante sua visita. Uma das paradas que não podem faltar no seu roteiro pela Rota do Café na região serrana do Ceará. A visita também precisa ser agendada pelo site do Sítio São Luis.

Vale a pena fazer a Rota Verde do Café?

Rota turística no Ceará
Eu na varanda da Fazenda São Luis | Foto: QVM.

Se você leu o artigo completo, já sabe qual é a resposta. A Rota Verde do Café no Ceará proporciona uma experiência natural, sensorial (nem contei que no meio da trilha do café na plantação do Uchôa, tem música e um ritual de contemplação da natureza!), gastronômica e histórica.

Tudo isso é um ótimo motivo para você sair um pouco das praias de Fortaleza e experimentar a serra cearense. Foi o meu ponto alto dos meus dias no estado.

A viagem a Fortaleza foi patrocinada pela Secretaria de Turismo do Ceará, com o receptivo da Ernanitur, mas as opiniões são de livre expressão da autora.

Você já sabia da produção de café no interior no Ceará? O que achou?

Até + !!!

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Polly Batista

Penso que todas as coisas são parte de mim. Procuro pelo mundo pedaços da minha alma escondidos em cada novo destino, cada pessoa, cada cultura, cada monumento. Os lugares me revelam o quanto sou pequena, ignorante e humana e, ao mesmo tempo, o quanto somos ricos, parecidos e divinos. Me sinto grata em redescobrir isso em cada viagem.

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