Chatbots querem planejar viagens futuras: devemos permitir?

Chatbots querem planejar viagens futuras: devemos permitir?

Imagem do Autor por Guilherme Tetamanti
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Os chatbots viabilizados pelos avanços da inteligência artificial já deixam rapidamente de ser uma atração exclusiva de quem é interessado em novas tecnologias. Usados para interação, solução de dúvidas e problemas, esses robozinhos conversacionais têm sido assimilados em sites e aplicativos de serviços dos mais variados setores da economia.

Uma aplicação especialmente prática é a criação de itinerários de viagens, no ramo turístico. Afinal de contas, a maioria das pessoas gosta de viajar, conhecer locais agradáveis, novas culturas e pessoas – mas apenas uma parcela delas gosta de fazer o “trabalho sujo” de planejamento de viagens.

Tanto isso é verdade que agências de viagem não apenas pesquisam e oferecem a contratação de pacotes de programas turísticos, mas também facilitam trajetos, horários e transporte em muitas ocasiões.

A discussão sobre usos éticos de inteligência artificial está apenas engatinhando, mas é inegável que ferramentas de chatbot poderiam ser muito práticas no planejamento de uma viagem. Porém, será que elas que elas são eficazes? Será que abrem brechas de segurança digital?

O que são e aonde vão os chatbots

Chatbots
Modelos genéricos sobre planejamento trazido pelo ChatGPT.

Robôs interativos de texto passam por um momento de evolução ímpar. Grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla inglesa) têm sido gestados há anos por Google e empresas de tecnologia de porte. Porém, a OpenAI revelou em novembro de 2022 um serviço de comunicação interativo chamado ChatGPT, baseado em seu avançado modelo de linguagem de inteligência artificial GPT-3.

Desde então, muito tem sido falado sobre o potencial de uso do ChatGPT e de serviços similares. Embora haja muita especulação, essa é uma ferramenta disruptiva e teve uma adesão descomunal em pouco tempo. De fato, o serviço atingiu 100 milhões de usuários em apenas dois meses de atividade, tornando-se o provável aplicativo que mais rápido se popularizou na História da internet.

Essa e outras tecnologias têm aspectos impressionantes. Capazes de dar respostas verossímeis e competentes a tarefas tipicamente criativas e exclusivas de humanos, os chatbots se aprimoram constantemente usando informações das interações para aprender. Esse tipo de aplicativo, que pode ser qualificado como inteligência artificial gerativa, faz pensar até que ponto humanos podem ser necessários para desempenhar tarefas cotidianas e profissionais – o que levanta um evidente dilema ético.

Outro dos aspectos éticos questionáveis de chatbots avançados está relacionado à coleta de dados usados para treinar os robôs. Muitas empresas de jornalismo, entretenimento e educação já reclamam licenciamento de seus conteúdos se eles forem usados para alimentar bases de dados usadas no treinamento.

Além disso, alguns chatbots coletam o endereço IP e outras informações de navegação de seus interlocutores. Um remédio imediato para isso é o uso de VPN, que são redes privadas virtuais capazes de facilitar uma navegação anônima e segura.

Uma VPN pode ser útil também para aumentar a cibersegurança e a privacidade digital durante viagens.
Entretanto, essa preocupação com a coleta de dados pode ser um fator que não apenas os usuários, mas especialmente as empresas desenvolvedoras de chatbots poderão ter que enfrentar de maneira mais séria e definitiva dentro de algum tempo.

Ferramenta eficaz, mas imperfeita

Organizar uma viagem usando chatbots é definitivamente possível, apesar das ressalvas de segurança e ética. Para obter resultados mais relevantes nesse planejamento, é preciso ser bastante específico.
Determinar interesses de viagem, orçamento e o tempo de duração estimado da viagem é um primeiro passo relevante. Além disso, as sugestões do chatbot podem variar de acordo com a maneira que as perguntas são formuladas

Vários aspectos da viagem podem ser definidos em perguntas diferentes, como

  • Rotas de carro e avião entre destinos
  • Destinos mais ou menos movimentado
  • Praias
  • Restaurantes, bares e opções culturais
  • Opções para toda a família, casais ou solteiros
  • Preços

Com a evolução rápida dos chatbots, plugins e busca em tempo real facilitarão ainda mais a tarefa de conseguir estimar gastos e opções de viagem com antecedência. Os plugins introduzem funções específicas e buscas especializadas a chatbots como o ChatGPT, o que ajuda a delimitar mais claramente as tarefas e desempenhar novas funções. A comparação de passagens aéreas para compra pode ser um exemplo de uso futuro desses plugins.

Por outro lado, as buscas em tempo real também expandem as possibilidades de obter informações. Indo além de uma base de dados restrita, o chatbot poderá fazer buscas atualizadas no imenso manancial de informações que é a internet.

Apontando para novas possibilidades interessantes, os chatbots também apresentam ressalvas operacionais. Elas são discutidas brevemente a seguir.

Modelos probabilístico

Os chatbots de inteligência artificial são testados com uma quantidade ridícula de informações para conseguir prever o desfecho de uma situação. Significa que eles usam esses dados para “aprender” qual resposta tem a maior chance de estar certa numa interação, por exemplo.

Esse funcionamento está por trás de serviços como o ChatGPT e é chamado de probabilístico. Apesar de os modelos serem treinados e consigam oferecer respostas surpreendentemente adequadas, nem sempre acertam a probabilidade. Essa lacuna explica erros grotescos que o modelo comete ocasionalmente.

Portanto, especialmente no caso de informação factual no planejamento de uma viagem, é necessário checar as respostas com uma pesquisa à parte. É possível receber sugestões de destinos e restaurantes em outro continente daquele da viagem, por exemplo. Como os chatbots dão respostas de maneira bastante verossímil, as informações corretas podem se misturar com as falsas de maneira convincente. Por esse motivo, a checagem deve ser uma prática recorrente.

Data limite de atualização

Outra limitação ligada ao treinamento da inteligência artificial é a data de atualização das informações. Empresas que mantêm os modelos de linguagem como o ChatGPT treinam-nos com frequência. Tanto as interações com os usuários quanto alterações nas fontes usadas para o treinamento da máquina são usadas para aprimorar os modelos.

Essas atualizações periódicas visam a manter a relevância das respostas dos modelos. Porém, é preciso observar com que frequência essas renovações acontecem. Certos modelos trabalham com dados colhidos meses ou anos atrás, enquanto outros usam informações mais recentes. Como as datas variam caso a caso, é necessário observar o período do modelo usado para entender se as informações apresentadas são relevantes.

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Guilherme Tetamanti

Paulistano de 40 anos e muita história pra contar. Amo e odeio a selva de pedra, e por isso faço de tudo pra viajar. Sou empresário, administrador de empresas e criador de algumas lojas virtuais. Vendi tudo em 2011 para realizar o sonho de fazer uma viagem de volta ao mundo e praticar fotografia, uma de minhas paixões. Sempre fugi das aulas de redação, mas a vontade de viajar, fazer novas amizades e compartilhar minhas andanças, me motivaram a criar o Quero Viajar Mais.

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